sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Fogo amigo

A expressão "Fogo Amigo" é usado geralmente por soldados em campo de batalha quando por uma fatalidade o ataque parte dos mesmos integrantes do grupo. É o inesperado.


Baseado nesta expressão, passo a discorrer sobre a traição feita por ente próximo. Geralmente existem duas motivações para isso, inveja e ciúmes. Imensurável o mais prejudicial, acrescente a isso o fator inesperado "o amigo".
Bem, recentemente pude experimentar os dois lados num mesmo dia e antes de escrever tal texto, esperei bem todos os sentimentos que passo a citar se esvaírem para não lançar mão deles.
O primeiro "fogo amigo" motivado pela inveja foi de tamanha mesquinhez que os detalhes sórdidos serão poupados, aqui restará apenas à análise do sentimento humano. O primeiro impacto de quem sofre esse tipo de traição é a surpresa, questionamentos, incompreensão, raiva, tristeza, desilusão e desapontamento, contribuindo assim para mais uma pedrinha que se forma no muro que se constrói a cerca do nosso coração. 

O mecanismo de defesa para esse tipo de comportamento é se precaver, pois existem dezenas de pessoas se definhando por guardar mágoa no coração, por esse tipo de motivação injustificada, sim, é certo que não há justificação para tal comportamento, nada que tenha por motivação a inveja é algo justificável.
Não pare nos porquês, como se existisse um, o sentimento inveja é movido pela vontade de ter, ser, o que você é, ou que pensa o que você é. Isso pode se tornar até lisonjeiro se olharmos por outro ponto de vista. 

O fato é que depois de levar o tal fogo, dificilmente passamos a ser os mesmos, a desconfiança passa a nos acompanhar e lá se vai uma parte da boa-fé que tivemos com as pessoas, passamos  a confiar, desconfiando, e a chave para isso é ser você mesmo de mão única, sempre se resguardar, já dizia o mestre: - sede, pois, simples como as pombas e prudentes como as serpentes.
A segunda motivação do fogo amigo, o ciúmes, apesar de serem sinônimos, existe uma tênue diferença entre os dois.
No ciúmes, geralmente a pessoa já "possui" a coisa ou a pessoa, existe aí um sentimento de posse, é o famoso "é meu e ninguém tasca", essa motivação passional que extrapola a razão do amor, é pura desconfiança, esse sentimento advém da baixa autoestima das pessoas, querem se promover através de objetos ou pessoas, não se bastando suficiente, joga toda a responsabilidade do seu ser em outra pessoa. Precisa disso ou daquilo para existir, se promover.

É ilógico, como já dito, pois se há a presunção de que a pessoa já "possui" o bem, o que se espera deste amigo é apenas que haja compreensão, benevolência, cuidados, para que se concretize a permanência. Pois agindo assim, a reciprocidade passará a ser singular. Neste caso o dano a pessoa atacada gera apenas acúmulo, pois o que se presumia uma parceria, passar a ser individual, retraído, defensor, seco. O efeito da ação é bastante dolorosa, e se esvai rapidamente, mas o da reação e vagarosa e sempre deixa resíduos que restaram em acúmulo, que em algum momento poderá tanto transbordar ou apatizar, ao que sofreu a ação. Sendo dolorosa tanto o transbordo quanto a apatia, pois que a primeira sendo radical pode até gerar atitudes que trarão resultados e a segunda será a pior forma de reação, pois que aos poucos instala-se a indiferença para com a outra pessoa.
Meire Bessa
28/04/2014




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